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Um oficial militar da Guiné transmitiu uma declaração neste domingo (5) anunciando que a Constituição da país foi dissolvida, em um possível golpe de Estado.
“Não vamos mais confiar a política a um homem, vamos confiá-la ao povo. Viemos apenas para isso; é o dever do soldado salvar o país”, diz Mamady Doumbouya, oficial do Exército, no vídeo que foi amplamente divulgado pela mídia local.
No vídeo, o líder do Exército veste uniforme das forças especiais e diz que prendeu Conde, suspendeu a Constituição, o governo e todas as outras instituições. O militar também anunciou o fechamento das fronteiras terrestres e aéreas.
Toque de recolher e ex-ministros convocados
Em uma nova mensagem transmitida depois pela TV estatal, oficiais militares declararam toque de recolher em todo o país e disseram que Conde está bem.
“Queremos tranquilizar a comunidade nacional e internacional de que a integridade física e moral do ex-presidente [Alpha Conde] não está ameaçada”, disse um militar, segundo tradução publicada pela Reuters.
“Tomamos todas as medidas necessárias para que ele tenha acesso a cuidados e entre em contato com seus médicos.”
Não foram fornecidas, porém, evidências claras da condição de Conde, e a CNN não conseguiu confirmar as alegações do oficial militar.
O toque de recolher, de acordo com um comunicado lido por um dos oficiais, “será implementado a partir das 20h, em todo o país, até novo aviso”.
Os oficiais também convidaram ministros e ex-chefes de governo para uma reunião às 11h desta segunda-feira (6), no horário local.
“Qualquer falta será considerada uma retaliação ao CNRD”, disseram, citando as sigla do nome do grupo que, em francês, significa Comitê Nacional para a Recuperação e Desenvolvimento.
‘Tiroteio contínuo’
Tiroteios estouraram neste domingo em Conakry, capital da Guiné, no que parecia ser uma tentativa de golpe, de acordo com várias postagens feitas nas redes sociais e com testemunhas consultadas pela CNN.
Os vídeos mostram soldados fortemente armados circulando na área de Kaloum, em Conakry, onde ficam muitos prédios do governo. Outro vídeo bastante compartilhado mostra o que parece ser o presidente Conde cercado por soldados.
“É hora de nos entendermos, de darmos as mãos, de nos sentarmos, de escrevermos uma constituição que se adapte à nossa realidade, capaz de resolver nossos problemas”, diz Doumbouya em um dos vídeos.
A CNN não verificou de forma independente a autenticidade das imagens.
Ação condenada
Em uma declaração publicada neste domingo, a União Africana condenou o que chamou de “tomada de poder”, e pediu a “libertação imediata do presidente Alpha Conde”.
O secretário-geral das Nações Unidas, Antonio Guterres, também pediu a libertação de Conde.
“Estou acompanhando de perto a situação na Guiné. Condeno veementemente qualquer tomada do governo pela força das armas e apelo pela libertação imediata do presidente Alpha Conde”, escreveu Guterres em seu perfil no Twitter.
Conde foi eleito à presidência da Guiné pela primeira vez em 2010, quando assumiu o gabinete no lugar de uma junta militar que estava no poder desde 2008. As eleições presidenciais de 2010 foram as primeiras nos 52 anos de história do país.
A aparente tentativa de golpe na Guiné acontece pouco depois de um golpe bem-sucedido no vizinho Mali em agosto do ano passado, quando os militares expulsaram o governo eleito.