Escalada da fome gera 1 milhão de menores com desnutrição no país em 2022

Em oito anos de atuação como médica da USF (Unidade de Saúde da Família) de Alto do Moura, na zona rural de Caruaru (no agreste de Pernambuco), a médica Viviane Xavier relata nunca ter visto tantas crianças ou adolescentes com problema de desnutrição.

“Hoje [quarta-feira] mesmo, recebi uma criança que estava em outra cidade, e a família voltou para Caruaru há um mês em busca de trabalho. Está com desnutrição importante, e precisamos enviá-la à UPA [Unidade de Pronto Atendimento] para ser hidratada e, depois, darmos a continuidade do tratamento”, conta.

No país, o número de casos de desnutrição de menores atendidos na atenção básica saltou de forma exponencial. Somente até setembro, foram registrados 977 mil diagnósticos, segundo dados do Sisab (Sistema de Informação da Saúde da Atenção Básica), do Ministério da Saúde.

Em agosto, as unidades reportaram 136 mil casos de pacientes de até 17 anos com desnutrição. Para efeito de comparação, em 2015 esse número foi de 27 mil.

Os dados do Sisad, ressalte-se, são restritos aos da atenção básica, que não incluem atendimentos eletivos com especialistas, rede privada e de emergência, por exemplo. Ou seja, não são os dados totais do Brasil.

Mesmo com a alta de casos, um contrassenso: para 2023, o Ministério da Saúde previu apenas no PLOA (Projeto de Lei Orçamentária Anual) para a área de “segurança alimentar e nutricional” apenas R$ 25.576.805, contra R$ 66 milhões este ano orçados neste ano.

Uol

Redação: pbaqui.com.br

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