Jesus tem 69 anos, quer fazer do time árabe o seu último fora de Portugal. E deseja renovar o contrato para a temporada 2024/2025 e disputar o Mundial.
Leva 21 horas e 25 minutos o voo de Riad, capital da Arábia Saudita, a Belém, onde a seleção brasileira se reunirá para enfrentar a Bolívia. Se o voo saísse de Paris, seriam necessárias apenas 9 horas e 15 minutos. São necessárias 21 horas e 40 minutos para um voo sair de Lima, onde o Brasil jogará contra a seleção peruana, e chegar a Riad. Caso a viagem fosse entre Lima e Paris, bastariam 12 horas e 20 minutos.
Mesmo com o luxuoso avião, com 400 lugares, que o Al-Hilal põe à disposição de Neymar. A relação entre Neymar e a seleção brasileira será muito mais desgastante agora que ele atua em Riad, pelo Al-Hilal, do que era quando atuava pelo Paris Saint-Germain.
Justo agora, aos 31 anos e meio, com histórico de duas fraturas e uma cirurgia de reconstituição dos ligamentos do tornozelo. Todos problemas médicos no pé direito. Seu talento fora do comum fez com que o Al-Hilal o contratasse a peso de ouro para competir com o Al-Nassr, de Cristiano Ronaldo, e com o Al-Ittihad, de Benzema. Ele receberá R$ 1,7 bilhão por duas temporadas em Riad.
O seu treinador, Jorge Jesus, assinou o melhor contrato de sua vida. São 10 milhões de euros, cerca de R$ 54 milhões por apenas um ano de trabalho. Com bônus que podem levar seus ganhos a R$ 80 milhões. Para isso precisa fazer do seu time campeão saudita, ganhar a Liga dos Campeões Árabes. E montar a base da equipe que disputará o Mundial de Clubes de 2025, nos Estados Unidos. Em formato de Copa, com 32 equipes, o Al-Hilal já está classificado.
Jesus tem 69 anos, quer fazer do time árabe o seu último fora de Portugal. E deseja renovar o contrato para a temporada 2024/2025 e disputar o Mundial. Para isso, ele precisará de resultados, conquistas e, principalmente, de sua maior arma, Neymar. Jesus já ficou frustrado, por não ter sido escolhido como treinador da seleção brasileira. Ele mantinha esperanças pelo trabalho que fez no Flamengo. Foi preterido por Ancelotti.
E, para a cúpula da CBF, o português não facilitará a liberação de Neymar enquanto estiver à frente do Al-Hilal. Muito pelo contrário. A certeza veio ontem. Jorge Jesus deixou muito claro, após a estreia do time no Campeonato Saudita com um inesperado empate com o Al-Fayha, em 1 a 1, que não concorda com a convocação do jogador para os primeiros jogos das Eliminatórias Sul-Americanas. Neymar está com um leve problema muscular, que o impede de treinar.
Os jogadores convocados pelo técnico interino, Fernando Diniz, deverão se apresentar nos dias 3 e 4 de setembro. A partida contra a Bolívia será no dia 8. E contra o Peru, dia 12. “Já que estamos falando do Neymar, não sei por que está na convocação da seleção do Brasil, um jogador que está lesionado.
“Se calhar, vão obrigar o Neymar a ir ao Brasil. Não vai jogar, porque não tem condições de jogar. Nem treinar, quanto mais de jogar. Mas sei que está na convocação. Sei que esse é um tema que temos que discutir. Hoje não vejo justificativa nenhuma para o Neymar ir ao Brasil, se está lesionado. Ele não treina, como pode (jogar)?”, perguntava, irritado.
A entrevista causou estranhamento, já que o técnico Fernando Diniz revelou ter conversado com Neymar e conta com ele para os primeiros jogos das Eliminatórias Sul-Americanas. Em nenhum momento da coletiva de apresentação, a contusão de Neymar foi citada. A CBF divulgou uma nota oficial após as palavras de Jesus.
“O departamento médico da Seleção Brasileira Masculina de Futebol informa que vem monitorando há alguns dias as condições clínicas do jogador Neymar Jr. A comissão técnica está ciente da situação e tem mantido contato constante com o atleta, acompanhando a sua evolução.
“A apresentação dos jogadores convocados pelo técnico Fernando Diniz está prevista para cerca de 15 dias. Qualquer atualização sobre o quadro clínico do jogador será informada no momento oportuno.”
Um detalhe que chama muito atenção é que, ao contrário do que acontecia em outros clubes em que Neymar atuou e tinha problemas físicos nas convocações, na nota oficial não há a citação que o departamento médico da CBF entrou em contato com o departamento médico do Al-Hilal. Só com o jogador, o que não é comum.
Jesus vai conversar com a direção do Al-Hilal para preservar ao máximo seu principal jogador. Só liberá-lo quando for obrigatório, nas datas Fifa. Sem cedê-lo antes do prazo. E muito menos aceitar que dispute amistosos que não estejam no calendário oficial. Nada de favores.
A postura rígida de Jesus era algo completamente inesperado pela direção da CBF.
O português só quer que Neymar viaje sem problema algum muscular.
Ele sabe quanto depende do brasileiro para sobreviver na Arábia Saudita e continuar recebendo o maior salário da carreira. Neymar, pelo menos neste primeiro momento, que acabou de ser contratado, não entrará em choque com seu novo clube. Se o Al-Hilal chegar à conclusão de que não terá condições de jogar nestes primeiros jogos das Eliminatórias, não será liberado. E não haverá protestos.
A CBF fica de mãos atadas. O diagnóstico de cada jogador depende do clube em que atua. Não há como questionar, obrigar a liberação. Não será surpresa se o presidente da CBF, Ednaldo Rodrigues, se programar para viajar para a Arábia Saudita para estreitar o relacionamento entre a entidade e a direção do Al-Hilal. Porque, se depender de Jorge Jesus, Neymar só deixará o Al-Hilal em ótimas condições físicas e sob a obrigatoriedade de liberação por parte da Fifa.
Situação imprevista para Diniz, que deseja montar a seleção em torno de Neymar e ter no camisa 10 a sua grande referência, com possibilidades até de ser capitão do Brasil. Ele que se prepare. Não terá a cooperação de Jesus.
Fonte: R7 Esportes
Redação: pbaqui.com.br