PT ‘fura’ cautela do governo e silêncio de Lula e reconhece vitória contestada de Maduro na Venezuela

Jesus Vargas/Getty Images

Os resultados divulgados pelo órgão oficial informam que Maduro foi reeleito com 51,2% dos votos, contra 44% do opositor Edmundo González. A oposição, no entanto, afirma que González venceu com 70%.

Nota do PT fala em ‘jornada pacífica, democrática e soberana’ e cita ‘Maduro, agora reeleito’. Oposição na Venezuela contesta resultado; Brasil cobra transparência e monitora situação.

A Executiva Nacional do Partido dos Trabalhadores reconheceu, em nota divulgada na noite de segunda-feira (29), a reeleição do presidente da Venezuela, Nicolás Maduro.

Os resultados divulgados pelo órgão oficial informam que Maduro foi reeleito com 51,2% dos votos, contra 44% do opositor Edmundo González. A oposição, no entanto, afirma que González venceu com 70%.

🗳️ A posição do PT diverge do silêncio adotado por Lula e do tom de cautela adotado pelo governo até o momento.

🗳️ O Brasil ainda não reconheceu os resultados e cobra maior transparência nos dados eleitorais.

“Importante que o presidente Nicolás Maduro, agora reeleito, continue o diálogo com a oposição, no sentido de superar os graves problemas da Venezuela, em grande medida causados por sanções ilegais”, diz a nota do PT, comandado pela deputada Gleisi Hoffmann (PR).

Os resultados da eleição, divulgados na noite de domingo (28), ainda são contestados pela oposição – e vistos com desconfiança pela maior parte da comunidade internacional, incluindo o governo brasileiro.

O presidente Luiz Inácio Lula da Silva, fundador e principal nome do PT, ainda não comentou o tema publicamente. Em nota (leia abaixo), o governo brasileiro saudou a ocorrência das eleições, mas cobrou maior transparência nos dados – e não reconheceu explicitamente o resultado.

Os recados na nota do PT

Ao longo da nota da Executiva Nacional, o Partido dos Trabalhadores adota diversos termos que demonstram apoio ao governo de Nicolás Maduro e ao resultado eleitoral.

O texto (leia íntegra abaixo) diz, por exemplo, que o processo eleitoral foi uma “jornada pacífica, democrática e soberana”.

Afirma também ter “certeza” de que o Conselho Nacional Eleitoral – centro da polêmica em andamento, acusado de ocultar dados que deveriam ser públicos – “dará tratamento respeitoso para todos os recursos que receba”.

A nota do PT também critica, de forma indireta, a pressão da comunidade internacional para que os dados sejam divulgados com mais transparência antes de um reconhecimento dos resultados.

Ao citar os “graves problemas” da Venezuela, diz que eles são “em grande medida causados por sanções ilegais”.

E que o PT seguirá “vigilante” para evitar “violência e ingerência externa” nos assuntos do continente.

Brasil adota cautela

O governo brasileiro ainda não reconheceu os resultados oficiais do Conselho Nacional Eleitoral da Venezuela, que apontam a segunda reeleição de Nicolás Maduro nas urnas.

Em nota na segunda (29), o Ministério das Relações Exteriores disse que “acompanha com atenção o processo de apuração” e aguarda a divulgação de informações mais detalhadas.

O texto do governo diz que as eleições reafirmam “o princípio fundamental da soberania popular”, mas complementa: “a ser observado por meio da verificação imparcial dos resultados”.

Íntegras

Leia, abaixo, a íntegra das notas divulgadas pelo governo e pelo PT:

Executiva Nacional do PT

O PT saúda o povo venezuelano pelo processo eleitoral ocorrido no domingo, dia 28 de julho de 2024, em uma jornada pacífica, democrática e soberana.

Temos a certeza de que o Conselho Nacional Eleitoral, que apontou a vitória do presidente Nicolás Maduro, dará tratamento respeitoso para todos os recursos que receba, nos prazos e nos termos previstos na Constituição da República Bolivariana da Venezuela.

Importante que o presidente Nicolás Maduro, agora reeleito, continue o diálogo com a oposição, no sentido de superar os graves problemas da Venezuela, em grande medida causados por sanções ilegais.

O PT seguirá vigilante para contribuir, na medida de suas forças, para que os problemas da América Latina e Caribe sejam tratados pelos povos da nossa região, sem nenhum tipo de violência e ingerência externa.

Fonte: G1

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