Infectologista alerta para urgência na prevenção após dados do Clementino Fraga mostrarem alta de HIV

O infectologista Dr. Fernando Chagas acendeu um alerta ao comentar, em entrevista ao programa Ô Paraíba Boa, da rádio 100.5 FM, o avanço dos novos casos de HIV na Paraíba. Segundo ele, mesmo com ampla oferta de prevenção, o estado ainda registra cerca de mil novos diagnósticos por ano, número considerado elevado para uma população relativamente pequena.

“É preocupante. Temos programas, prevenção e preservativos disponíveis, mas isso não tem se refletido na queda dos novos casos”, avaliou. Chagas diz observar algo ainda mais grave: a desinformação entre os jovens. “Muitos chegam ao consultório sem saber o que significa o diagnóstico. É assustador. É uma geração que não viu o impacto do HIV e se expõe sem proteção”, afirmou.

O médico lembra que o vírus, que antes era praticamente uma sentença de morte, hoje é controlável, mas depende de diagnóstico precoce. “O medo ainda afasta muita gente do teste. E sem testagem, chegamos a quadros graves, como um paciente que atendi recentemente já com sarcoma de Kaposi, câncer associado à Aids”, relatou.

Dados confirmam cenário preocupante

As declarações ganham força diante dos novos números divulgados pelo Complexo Hospitalar Clementino Fraga, referência em HIV e outras ISTs. Em 2025, a unidade realizou 8.650 testes rápidos, com 8,08% de positividade, quase um diagnóstico positivo a cada dez usuários testados.

O hospital acompanha hoje 8.021 pessoas em tratamento antirretroviral, número maior que o registrado em 2024. Só entre janeiro e outubro, foram 503 novos diagnósticos, com predominância entre pessoas de 35 a 49 anos, e homens representam 76% do total. Nos últimos 12 anos, foram 731 óbitos relacionados à Aids, sendo 31 neste ano.

Prevenção combinada avança, mas adesão preocupa

O Clementino também ampliou o acesso às principais estratégias de prevenção:

1.848 usuários recorreram à PEP (profilaxia pós-exposição);

1.433 utilizaram a PrEP (profilaxia pré-exposição).

Chagas reforça que até os preservativos evoluíram, com modelos mais finos, confortáveis e distribuídos gratuitamente. Mesmo assim, ele observa pouca adesão: “As pessoas ainda resistem a usar camisinha, e isso ajuda a explicar a epidemia de sífilis que estamos vivendo”, explicou.

Dezembro Vermelho intensifica mobilização

A programação do Dezembro Vermelho inclui:

distribuição de preservativos (1º/12);

atividades educativas e intervenção cultural (3/12);

ação do Clementino Itinerante, com testagem rápida para HIV, sífilis e hepatites na Praça Rio Branco (6/12);

Simpósio Vermelho, reunindo especialistas no dia 11.

As campanhas reforçam que o SUS oferece testes, preservativos, PrEP, PEP e tratamento gratuitos, e que a prevenção segue sendo o caminho mais seguro para interromper a cadeia de transmissão.

Redação: PBAQUI

Com: Fonte83

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